Gradient that fades to transparency

Em 30 de abril de 1854, o imperador d. Pedro II inaugurou a Estrada de Ferro Petrópolis, hoje conhecida como Estrada de Ferro Mauá, por ter sido idealizada pelo então Barão de Mauá, Irineu Evangelista de Souza. A cerimônia de inauguração teve como auge a circulação de uma composição tracionada pela “Baroneza”, a primeira locomotiva a vapor a trafegar no Brasil.

Fabricada na Inglaterra, a Baroneza recebeu esse nome em homenagem a Maria Joaquina Machado de Souza, esposa do Barão de Mauá. Também denominada “Locomotiva N° 1”, a Baroneza é uma das peças mais importantes da história ferroviária brasileira e encontra-se atualmente exposta no Museu do Trem, localizado no bairro do Engenho de Dentro, Rio de Janeiro.


locomotiva “Baroneza” no interior das Oficinas Ferroviárias do Engenho de Dentro, Rio de Janeiro. abril de 1954. Arquivo Nacional.

A comitiva, composta pelo imperador, pela imperatriz D. Tereza Cristina, e outras autoridades, embarcou no trem composto por dois vagões, iniciando uma jornada pelos 14 quilômetros de extensão recém-construídos, conectando o porto de Mauá, situado na baía de Guanabara, ao vilarejo de Fragoso, situado na base da serra de Petrópolis. Este percurso inaugural marcava o primeiro trecho da ambiciosa estrada de ferro destinada a alcançar a serra, com o propósito de facilitar o escoamento do café produzido nas regiões fluminense e mineira.


A construção desta estrada de ferro representava uma resposta às demandas por um transporte mais eficiente e de maior capacidade de carga, substituindo as lentas tropas de mulas, que exigiam uma grande quantidade de escravos para transportar as sacas de café até o porto do Rio de Janeiro.


Em 1954, ocasião do seu centenário, a Estrada de Ferro Mauá foi declarada Monumento Histórico Nacional, e foi tombada pela Secretaria de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.


Petrópolis. ponte do Itamaraty

Ferrez, Marc, 1843-1923. biblioteca nacional digital


Petrópolis. Estrada de Ferro da Serra

Ferrez, Marc, 1843-1923. biblioteca nacional digital


Marc Ferrez. Inauguração do túnel da Mantiqueira situado na Estrada de Ferro Minas e Rio, entre os municípios brasileiros de Cruzeiro (SP) e de Passa Quatro (MG), com a presença do imperador Dom Pedro II e da imperatriz Tereza Cristina, 1882. Acervo do Instituto moreira salles


Afonso Pena e um grupo de pessoas na estação ferroviária da Floresta dos Leões, atual município de Carpina, Pernambuco, 1906. Arquivo Nacional.


a Baroneza em 10 de agosto de 1934. Arquivo Nacional.

Neste 30 de abril de 2024, celebramos o Dia dos Ferroviários em homenagem aos trabalhadores das estradas de ferro, recordando a inauguração da primeira linha ferroviária brasileira há 170 anos.


saiba mais clicando na revista abaixo:



Maquinista operando composição ferroviária nas proximidades da Estação Central do Brasil, Rio de Janeiro, julho de 1947.

Train Flat Icon


As "Três Pontes". Estrada de ferro Curitiba-Paranaguá (1928).

Arthur Wischral. Acervo Instituto Moreira Salles

Como tudo começou no Paraná...


Após a emancipação do Estado do Paraná em 29 de agosto de 1853, através da Lei Imperial nº 704, assinada por Dom Pedro II, surgiu a proposta de construir uma ferrovia para atender às necessidades de transporte, especialmente da erva-mate, um recurso vital para a economia local, até os portos do litoral. Essa ideia ganhou força com a aprovação da Lei Provincial nº 11, em 30 de abril de 1856, autorizando a construção da via férrea.


No entanto, somente na década de 1870 é que os engenheiros Francisco Monteiro Tourinho, Antônio Pereira Rebouças e Maurício Schwartz apresentaram ao Império um pedido de concessão para a construção da ferrovia. Esses engenheiros já haviam deixado sua marca na região ao construírem a Estrada da Graciosa. Inicialmente, a proposta era que a estrada de ferro do Paraná partisse da cidade de Antonina. No entanto, após intenso debate, o Decreto Imperial de 1º de maio de 1875 determinou que o ponto de partida seria Paranaguá, justificando que a baía de Antonina não oferecia profundidade suficiente para a atracação de navios de grande porte.


O projeto da ferrovia, arrojado e muito avançado para a época, foi concebido pelos irmãos e engenheiros André Rebouças e Antônio Pereira Rebouças, considerados os primeiros negros formados em Engenharia no Brasil. Para realizá-lo, os irmãos fizeram um minucioso estudo da Serra do Mar e desenvolveram um traçado cheio de pontes, túneis e viadutos.

para saber mais:



Documentário produzido pelo jornal Gazeta do Povo sobre os 130 anos da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba (FEV/2015)


Saída do túnel nº 5

Estrada de ferro Curitiba-Paranaguá (1928)

Arthur Wischral. Acervo Instituto Moreira Salles


Clique no mapa para sua visualização integral


detalhe do mapa “Companhia geral de estradas de ferro Brazileiras.

Mappa geral, mostrando a estrada de ferro de Paranagua a Corityba...”. wikimedia commons



“E. de F. de Paranaguá a Corityba : Província do Paraná : Estação de Corityba”

Ferrez, Marc, 1843-1923. Estrada de Ferro do Paraná. Biblioteca Nacional digital.

Abaixo, fachada do prédio principal da antiga estação ferroviária de Curitiba, onde hoje é localizado o Shopping Estação. A estação integrava a Estrada de Ferro do Paraná, ligando a capital paranaense à cidade de Paranaguá. Após a desativação da estação, o prédio tornou-se o Museu Ferroviário, que abriga parte do acervo da Rede Ferroviária Federal S.A., incluindo uma locomotiva do início do século XX e um vagão dormitório que serviu para hospedar o ex-presidente Getúlio Vargas. A edificação foi tombada pelo Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná – CEPHA em 1976.



“Projeto para a modificação do edifício principal da estação de Curitiba”, que integra o Decreto n° 2.031, de 13 de junho de 1895.

arquivo Nacional.


Existe um rico acervo digitalizado e disponibilizado à sociedade, proveniente dos arquivos da Sala da Memória da Justiça Federal paranaense, que compreende os autos da 1ª fase da Instituição, no período de 1891 a 1937.


A Coleção Estradas de Ferro (1875-1957), composta por 75 processos, é destaque nesta exposição. Acompanhe o desfecho de uma ação proposta pela Câmara Municipal de Morretes em 1894, contra a Compagnie Générale de Chémins de Fer Brésiliens. Trataremos também sobre 2 processos de acidentes de trabalho ocorridos em ferrovias.


Por meio do Decreto nº 7420 de 12 de agosto de 1879, foi concedida a autorização para a transferência de todos os direitos e obrigações dos concessionários da ferrovia Curitiba-Paranaguá para a companhia francesa denominada Compagnie Générale de Chémins de Fer Brésiliens (Companhia Geral de Estradas de Ferro Brasileiras).


Em 1894, A Câmara Municipal de Morretes moveu uma ação ordinária na JFPR contra a Compagnie Générale de Chémins de Fer Brésiliens, buscando impedir a extração indevida de cascalho no leito do rio Marumbi e solicitando uma multa caso a turbação persistisse.


A Câmara alegou seu direito de servidão sobre o cascalho para reparar ruas, argumentando que a Companhia agia arbitrariamente ao estender trilhos através da colônia América, lesando os interesses do município e infringindo o disposto no art. 68 da Constituição Federal de 1891. A Companhia, por sua vez, defendeu seu direito de extrair o cascalho para lastrar a linha ferroviária, citando dispositivos legais específicos.


O Juiz Federal Manoel Ignácio Carvalho de Mendonça julgou a ação improcedente, considerando insubsistente a posse do Município sobre o cascalho, e condenou a Câmara Municipal ao pagamento das custas processuais. Clique no processo para mais detalhes!

O trabalho de um guarda-chaves na linha férrea envolve principalmente operar e manter as chaves que controlam os desvios e cruzamentos em uma ferrovia. As chaves são dispositivos mecânicos que controlam a direção em que um trem segue em um cruzamento ou bifurcação. O guarda-chaves é responsável por garantir que essas chaves estejam na posição correta para orientar os trens ao longo da rota desejada.


Nos Autos de Acidente de Trabalho nº 310, o guarda-chaves Pedro A. Moreira, que trabalhava para a Rede de Viação Paraná Santa Catarina (RVPSC), na linha Itararé-Uruguai, sofreu um acidente no quadro de controle da Estação de Fábio Rego em 8 de dezembro de 1936.


Em virtude do falecimento de Pedro, decorrente dos ferimentos gerados pelo acidente, a viúva e seus cinco filhos menores de idade receberam uma indenização acordada com a RVPSC, nos termos do Decreto nº 24.637, 10 de julho de 1934.


O termo de acordo foi homologado pelo Juiz Federal Luiz Affonso Chagas.


Clique ao lado para visualização do processo na integra!

Saiba mais!


Segundo informações do site "Estações Ferroviárias do Brasil", a estação original de Fábio Rego foi inaugurada em 1908, localizada entre Jaguariaíva e Itararé. Conforme relato de Jorge Francisco Mendes, ex-ferroviário de Jaguariaíva, nenhuma estação ao longo desse trecho existe mais, e muitas delas estavam situadas em áreas de difícil acesso por carro. Os trilhos foram removidos aproximadamente em 1993. Essa estação fazia parte do que foi considerado o "pior trecho ferroviário do Brasil", caracterizado por curvas extremamente sinuosas.


Durante o século XX, os sistemas de sinalização automatizados, como os sistemas de bloqueio interno e os sistemas de controle de tráfego centralizado, tornaram-se mais comuns, eliminando a necessidade de guarda-chaves em muitas rotas ferroviárias. Esses sistemas automatizados são capazes de monitorar e controlar o movimento dos trens, garantindo a segurança e otimizando o fluxo de tráfego sem a intervenção direta de um guarda-chaves.

Os operários das ferrovias já foram mencionados em publicações anteriores da Memória Institucional da JFPR. Em 1º de maio de 2021, na edição nº 11 da revista digital "Hoje é dia D...", em celebração ao Dia do Trabalhador, foi narrado o incidente ocorrido em 1936 com o guarda-freios Alfredo Oliveira, que sofreu um acidente ao cair de um trem de carga enquanto desempenhava suas funções. Reveja essa história clicando ao lado.

A Sala da Memória 'Fábio Luiz dos Santos', reinaugurada em 2011 na Sede da Justiça Federal do Paraná em Curitiba, é um espaço que resguarda e exibe preciosidades históricas. Ali, encontram-se reunidos livros antigos, escrivaninhas imponentes, máquinas de escrever, penas e tinteiro, diplomas, escritos e publicações que pertenceram aos Juízes Federais da primeira fase da JFPR, que abrange o período de 1891 a 1937.


Na mesma sala, é possível contemplar itens representativos da segunda fase da Justiça Federal, iniciada em 1967. Entre esses objetos, destacam-se as togas solenes, as faixas distintivas, os barretes, as sinetas, as fotografias históricas, os atos jurídicos memoráveis e os livros que testemunham a evolução e os desafios enfrentados ao longo dos mais de 130 anos de história da Justiça Federal. Todos esses artefatos estão abertos à visitação pública, proporcionando uma viagem fascinante através do tempo e da trajetória dessa instituição essencial para a sociedade.


medalha comemorativa aos 80 anos da estrada de ferro curitiba-paranaguá

(1885 - 1965)


Doação: servidor Sidney Ferreira Stofella

Também faz parte do acervo da sala uma medalha comemorativa de 80 anos da Estrada de Ferro do Paraná (1885-1965). Quem a recebeu foi o Sr. Henevino Stofella, pai do servidor Sidney Ferreira Stofella (doador do item à Sala). O Sr. Henevino não era ferroviário, mas foi homenageado pela Rede, uma vez que, por mais de 40 anos, exerceu a gerência da pedreira que fornecia pedras britadas (ou simplesmente "brita") para a empresa de trens, a fim de assentar os trilhos e dormentes. "Lembro-me de acompanhar meu pai, na infância e adolescência, na entrega das pedras, em caminhões ou caminhonetes, principalmente nas estações Roça Nova e Rio das Antas (essa, em Santa Catarina). Ficávamos hospedados em casas da própria Rede nas estações. Era uma aventura, uma farra!", conta o servidor Stofella.


Foto: Ferrovias do Brasil


a estação de rio das antas (SC), em foto de 1980.


Entrada do antigo túnel 13 (oficialmente era o 14, por superstição), hoje não usado pela ferrovia, uma vez que ao seu lado foi escavado outro. Atualmente, dentro, há uma adega para maturação de espumantes.


estação roça nova após restauração

Curiosidade: o antigo túnel da Estação Roça Nova (o túnel 13; ou 14 para os supersticiosos...) hoje abriga uma "cave" (produtora de espumante).


Saiba mais em: Ferrovia do Brasil Império vira cave que envelhece seis mil garrafas de espumantes por ano.

30 de abril de 2024

dia dos ferroviários

[...]


Todos os dias é um vai-e-vem

A vida se repete na estação

Tem gente que chega pra ficar

Tem gente que vai pra nunca mais

Tem gente que vem e quer voltar

Tem gente que vai e quer ficar

Tem gente que veio só olhar

Tem gente a sorrir e a chorar

E assim, chegar e partir


[...]

encontros e despedidas

Compositores: Fernando Brant / Milton Nascimento

Musical Note Design

para recordar e refletir


Ponta de Areia

Fernando Brant / Milton Nascimento


Ponta de Areia, ponto final

Da Bahia-Minas, estrada natural

Que ligava Minas ao porto, ao mar

Caminho de ferro mandaram arrancar

Velho maquinista com seu boné

Lembra o povo alegre que vinha cortejar


Maria fumaça não canta mais

Para moças, flores, janelas e quintais

Na praça vazia um grito, um ai

Casas esquecidas, viúvas nos portais


A Estrada de Ferro Bahia-Minas, cujas obras foram iniciadas em 1881, ligava Ponta de Areia, um distrito do município de Caravelas, no litoral sul da Bahia, à cidade de Filadélfia/MG (atual Teófilo Otoni). O avanço da concorrência das rodovias, a falta de planejamento e de investimentos públicos no setor ferroviário, além da má gestão, levaram à desativação da ferrovia pelo Governo Militar em 1966.

Justiça Federal do Paraná

DIVISÃO de documentação e memória

Seção de memória institucional



Juíza Federal Luciana da Veiga Oliveira

Diretora do Foro


Juíza Federal Luciane Merlin Clève Kravetz

Vice-Diretora do Foro


Juiz Federal Rony Ferreira

Coordenador da Comissão de Gestão da Memória


Layre Colino Neto

Diretor Administrativo



Ficha técnica


pesquisa e Redação:

Tainã Paulino de Magalhães


Projeto Gráfico e Diagramação:

Tainã Paulino de Magalhães


REVISÃO e redação:

Dulcinéia Tridapalli

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